O Melhor de Mutantes
Este
caldeirão de bruxarias do grupo que ajudou a atear fogo nas cabeças
reacionárias da nação, ao lado de Caetano e Gil nos anos 60, mostra
que não é exagero e muito menos delírio chamar os Mutantes de gênios.
Foram gênios precoces na arte da composição, este processo complexo
de fundir sons das mais variadas vertentes com letras que brincam com
o absurdo, com as incoerências afetivas e poéticas, com as coisas
arrítmicas que os conservadores costumam taxar de impossível. Sim,
os Mutantes navegaram em mares impossíveis, desafiaram a lógica de
cifras e partituras com sabedoria e humildade e por isso conseguiram o
respeito e a consagração do mundo.
Luciano
Alves abriu a caixa preta da mais importante banda de música popular
brasileira contemporânea de todos os tempos com perfeição, talento,
ética e paixão. Afinal, ele foi um Mutante numa das várias mutantes
fases da banda, que como um cometa, um raio, explodiu no horizonte.
Mas até hoje corremos atrás de seus cacos preciosos, como
garimpeiros do século XXIII, em busca de explicações, as mais
remotas que sejam, para um extraordinário fenômeno deste século XX
que agora entra em sua última faixa.
Luiz
Antonio Mello
|
|