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Análise do sistema de gravação de áudio/sequenciamento/notação musical CakeWalk Pro Audio CD DL

Revista Música & Tecnologia, nº 58,1996

Introdução

Que bons tempos estamos vivendo! Acho que nasci bem na época certa: Assisti e vivi intensamente a introdução da eletrônica na música, a implementação de microprocessadores nos teclados, os primeiros gravadores de vários canais, a chegada dos microcomputadores... Agora, o mundo dá mais uma guinada com a implementação da Internet em modo gráfico, e com a consolidação da gravação direta para hard disk. Imagine ter nascido em um tempo onde se poderia morrer sem nunca ter ouvido uma sinfonia...

A gravação de áudio direto para hard disk, é, sem dúvida, um dos assuntos que mais fascinam os músicos, técnicos e produtores, pois significa melhor qualidade de gravação, maiores possibilidades de edição e menor investimento. Se alguns ainda relutam em entrar neste universo, é por achar que trata-se de assunto muito complexo. Quem pensa assim não está enganado, posso garantir. As possibilidades são imensas, e a combinação entre áudio e MIDI exige muita pesquisa e estudo.

Mas repare que, ano após ano, esforços estão sendo feitos para minimizar as dificuldades. Um bom exemplo disto é o lançamento do Cakewalk Pro Audio DL que analiso a seguir.

Descrição

Programa sequenciador de 256 pistas e gravador de áudio para hard disk. Permite gravar e editar informações de áudio tão facilmente quanto as de MIDI. A música pode ter múltiplas pistas simultâneas de áudio digital.

O programa garante ainda, sincronismo entre as pistas de MIDI e as de informações de áudio gravadas através da placa de som ou de módulo externo de gravação para hard disk como o Session 8 da Digidesign. A versão 4.01 oferece updates para o Session 8, tais como: equalização, mixing e routing, e permite integração com o sistema GS 880 da Roland, e com o programa Sound Scape.

Instalação

Primeiramente, é necessário ter previamente instalado o Windows 3.X ou 95. Em seguida, basta rodar o programa Setup do Cakewalk Pro Audio a partir do disk driver A ou do CDROM.

A instalação do programa requer aproximadamente três minutos, e é muito simples, principalmente quando já se tem a placa de MIDI e de som com os respectivos drivers instalados. Caso contrário, o próprio setup ajudará a instalar os dispositivos necessários, de forma intuitiva. Os arquivos instalados ocupam menos de 5 Mb do hard disk.

Após a instalação, é aconselhável desabilitar o disk caching que é prejudicial ao bom desempenho de gravação de muitas pistas para hard disk. Quando o Cakewalk Pro Audio está rodando sob Windows 3.1, o próprio programa desabilita o cache, ao executar áudio gravado; mas sob Windows 95 ou Windows for Workgroups é necessário desabilitar o cache manualmente. Nos primeiros testes que realizei utilizando 10 pistas de MIDI e 4 de áudio, em um trecho de 1 minuto de música, o sistema comportou-se perfeitamente bem, mesmo com o cache habilitado.

O instalador (setup) cria automaticamente, um novo grupo de programas, onde são incluídos o Cakewalk Pro Audio e o Wave Pro Filer. Este último analisa automaticamente o dispositivo de áudio presente no micro e emite um resultado detalhado do que detectou.

Outros recursos disponíveis através da instalação a partir de CDROM são os utilitários Hiphenator, Canvas Man; e o programa Musician Tool Box  - que aciona o CDROM e acessa padrões de base pré-gravados e trechos de bateria criados via MIDI.

No upgrade do Cakewalk 3.0 para Cakewalk Pro Audio, as preferências registradas na antiga versão são transportadas para a nova. Desta forma, não se perde configurações importantes com as quais se está acostumado a trabalhar.

Na minha instalação de 3.0 para 4.0, a configuração do Key Bindings - que permite utilizar o teclado do micro para executar short cuts (atalhos) de diversas funções -, surpreendentemente não foi transportada. Resultado: foi necessário refazer minha configuração predileta de short cuts, de forma a evitar o uso do mouse. Como sequencio com microcomputadores desde 1984, época em que mouse era só rato em inglês, acostumei-me a trabalhar com o teclado do computador como se ele fosse uma peça extra do meu set up de instrumentos, executando ritmicamente atalhos com Shift + Insert, Control + Alt + Q. Quando não se quer perder uma boa idéia, ou um produtor encomenda uma trilha “para ontem”, o periférico mais indesejável é justamente o mouse. Neste ponto, o Cakewalk acertou em cheio com a implementação dos short cuts configuráveis encontrados no menu Settings/Key Bindings.

Rodando pela primeira vez

Primeiramente é necessário escolher os dispositivos de MIDI que deverão operar para MIDI in e out, de acordo com os drivers que foram instalados em seu micro. No menu Settings/MIDI Device encontram-se disponíveis as possibilidades que o setup detectou na instalação. Caso você utilize uma placa para MIDI e uma para som que também tenha port de MIDI, selecione qual é a placa que vai receber os dados e marque os ports de saída, de forma a ultrapassar o limite de 16 canais de MIDI.

Em seguida, configura-se a janela principal. Como nas versões anteriores para Windows, pode-se ajustar a disposição do Patch, Volume, Canal de MIDI, Pan, etc., permitindo que o usuário trabalhe de acordo com a sua preferência.

Tela Principal

1. Control Bar - É uma das partes mais importantes do sequenciador. Nele estão os controles gerais de gravação e playback.

2. Track Pane - Situa-se à esquerda e lista até 24 pistas de uma vez, extendendo-se até 256, com 10 clicks no scroll bar. O Track Pane mostra as propriedades das pistas: o nome, o canal de MIDI, Status (solo, muted ou archived), Patch, Volume (controller 7), Source (MIDI ou áudio), Key (transposição), Velocity (dinâmica gravada), Time + (off set do track por inteiro), Port (qual a saída da placa que está sendo utilizada), Bank (banco de programa) e Pan (controller 10).

3. Measure Pane - Situa-se à direita, no campo dos compassos e mostra as informações gravadas, que podem ser de MIDI ou de áudio.

Visão geral do sequenciador

Os blocos de informações gravadas recebem a denominação de Clips. Abaixo e à direita do Track Viewer encontram-se duas ferramentas para selecionar o modo como se deseja marcar trechos para edição: o Time Selection e o Clip Selection. Quando se quer, por exemplo, copiar um bloco inteiro para uma nova pista (de forma a colar a execução de um instrumento para outro), basta selecionar a ferramenta Clip Selection (uma seta) e dragar todas as informações deste Clip.

Uma edição muito necessária é a cópia de um simples compasso. Como agora o programa não apresenta mais pequenos retângulos simbolizando cada compasso, mas trechos de gravação, pega-se a ferramenta Time Selection (setas entre linhas pontilhadas), e marca-se a região do compasso que se deseja selecionar para cópia. O resto fica por conta das convenções do Windows, ou seja, utiliza-se o copy e paste. Se desejar trabalhar como na versão 3.0, é necessário primeiro fazer um Split do Clip inteiro, subdividindo-o em diversos pequenos, que podem ser de um compasso. Com os novos Clips decorrentes desta operação, pode-se copiar compassos independentes.

O Clip de MIDI possui cor diferentes do de áudio, facilitando assim, a distinção dos dois tipos. O conteúdo de um Clip pode ser visto de várias formas: barras verticais, Clip Names, Clip Contents, ou combinações destes três métodos.

Os retângulos de compassos gravados, mostrados até então em programas sequenciadores, inclusive pelo Cakewalk 3.0, foram substituídos por monitores gráficos (mini Piano-Rolls) que mostram detalhes de cada pista. Por intermédio do zoom pode-se aumentar o campo do conteúdo de cada pista. Assim, o mini display alcança amplitude suficiente para mostrar nota por nota no caso de informações gravadas via MIDI, ou formas de onda da gravação de áudio.

Sequenciando com o Cakewalk

Este é um programa que realmente proporciona prazer em trabalhar. Com os drivers instalados, teclado master e módulos devidamente conectados, basta escolher em qual pista e canal de MIDI deseja-se iniciar a gravação. Em seguida, é só teclar R ou clicar com o mouse no botão Rec da tela principal. É óbvio que a operação mais rápida é por intermédio da tecla R, de preferência com a mão esquerda, enquanto a direita já está preparada para executar a música. Se for utilizar as duas mãos para tocar, regule o metrônomo com contagem introdutória de quatro tempos para que se sinta relaxado antes de “atacar” (Settings/Metronome/Count-in). Para parar a gravação, tecle o Space bar ou clique no Stop.

Após gravar o primeiro trecho, você notará a falta da janela “Keep Take?”. Nesta versão, o programa aceita todos os takes. Para descartar um take, utiliza-se o comando Undo, do menu Edit.

Para voltar o sequenciador, tecle Control + Home, W ou clique no botão Rew; e para ouvir o material recém gravado tecle Space ou clique no Play.

As informações sequenciadas podem se vistas e editadas de três formas:

1. Piano Roll View - mostra as notas gravadas como em cartões de piano roll, ou seja, por intermédio de pequenas barras horizontais representando as notas e seus tempos em relação ao compasso. As notas de bateria são representadas por losangos e na coluna da esquerda, ao invés do gráfico de teclado, pode-se monitorar as peças percutidas pelos seus respectivos nomes. Pode-se apagar, copiar e inserir notas com o mouse. Uma ótima novidade é a possibilidade de se marcar uma região ou algumas notas de um acorde, para edição.

Com a ferramenta de audição (ícone de alto-falante), pode-se ouvir as notas gravadas, dragando-se com o mouse. O que falta no Piano Roll do Cakewalk é a possibilidade de se utilizar combinações de teclas do micro para alcançar e editar cada nota gravada - como no saudoso SP Gold da Voyetra. Não é sempre que se tem tempo de apontar para uma nota e editá-la com o mouse. Sem um dispositivo que procure as notas rapidamente e preencha a tela com a região correspondente, a edição de um sequenciamento de piano exigirá que se clique no scroll bar diversas vezes. Não é uma boa solução reduzir o zoom pois as barras ficam difíceis de visualizar. Resultado: perde-se muito tempo nesta operação que é executada centenas de vezes na edição de um sequenciamento.

2. Event List View - mostra todos os tipos de eventos em formato de listagem. Aqui também é possível inserir, apagar, e modificar qualquer tipo de evento só que através de representação numérica.

3. Controller View - mostra graficamente os eventos de MIDI Controllers (Modulation, Volume, Balance, Pan, etc.). Aqui sim, o mouse é uma ferramenta muito adequada. Sem dúvida, este sempre foi o forte das versões do Cakewalk para Windows: poder desenhar gráficos de controllers, amoldando as nuanças da execução.

4. Staff View - mostra as notas sequenciadas, em forma de partitura musical. Também é possível editar notas e passagens, copiar, apagar, mudar durações, etc., só que em forma de notação musical.

Som

Os arquivos de áudio gravados, apesar de serem controlados pelo Cakewalk Pro Audio, são guardados externamente, ao invés de fazer parte dos arquivos WRK. O áudio é  gravado em 16 bits, o que garante fidelidade de reprodução. O Cakewalk  possui um sofisticado esquema para guardar eventos de áudio em hard disk de forma a conservar espaço sem sacrificar as funções de undo.

No Menu/Mixer o volume do áudio não é ajustável, mas pode-se configurar o volume geral de uma pista de áudio no Event List (com botão direito do mouse). No Audio View  é possível ajustar o volume do início de uma gravação, por intermédio de um pequeno botão que aparece do lado esquerdo do editor. Esta função é estranhamente denominada de Velocity do evento de áudio. Seria mais apropriado chamá-la de Loudness (nível de audibilidade), já que Velocity refere-se normalmente à dinâmica de execução em gravação via MIDI. Note que este controle não afeta a informação de áudio gravada, mas simplesmente sua resposta de volume.

A ferramenta de Draw Volume ajusta o nível de cada segmento desejado, ou seja, funciona como um fader para graduar cada trecho. Aqui, o material gravado está sendo realmente manipulado. Para inserir diversos botões de volume nos trechos desejados, é necessário primeiramente criar splits (divisões) no material gravado, utilizando a ferramenta Scissor (tesoura). A função desta ferramenta no Cakewalk confunde à primeira vista pois ela é normalmente utilizada em diversos programas de Windows para fazer o Cut (cortar e mandar para o clipboard).

Com a ferramenta de audição é possível monitorar um trecho específico que se deseja ouvir, usando o mouse. O resultado é um looping na faixa que se está ouvindo. Assim pode-se identificar uma palavra gravada, ou um trecho musical que se deseja diminuir ou equalizar.

Funções de edição de áudio:

1. Normalize: corrige o volume de gravação até o nível mais alto possível antes do clipping (distorção).

2. Copy - Paste: permite copiar trechos e inseri-los em outras partes.

3. Equalizador gráfico ou paramétrico: amolda em diversas faixas, as característica de grave, médio e agudo. Primeiramente marca-se uma região a ser editada no Audio View e em seguida executa-se a edição desejada. A precisão e eficiência são surpreendentes. Nesta mesma seção, há um atenuador ou incrementador de nível na ordem de 3 dbs para edições rápidas, e possui ainda o Fade in/Fade out com diversas graduações.

Mesmo que várias pistas estejam utilizando a mesma saída de áudio da placa, seus níveis e equalizações podem ser ajustados globalmente. Os níveis do início da música são visíveis no Mixer, mas não são editáveis como no caso de pistas com informações de MIDI.

Gravando Áudio

Testes realizados com microcomputador Pentium 60, 256 de cache, hard disk de 11ms e placa de som Tahiti.

Primeiramente é necessário verificar se a fonte sonora está devidamente conectada ao mixer, e se este está enviando sinal para a entrada de gravação da placa de áudio, que por sua vez deve ter a propriedade de gravar enquanto toca (Tahiti, Montrey, Card D).

Para monitorar o nível de gravação, do que está entrando, usa-se o Audio Meter do Cakewalk. Este medidor de áudio é bem precário, sendo aconselhável utilizar medidores mais precisos, que tenham VU (geralmente acompanham as placas de som classe A). Se estiver usando o Digidesign Session 8, o Audio Meter do Cakewalk mostrará 8 canais com graduações mais precisas.

Ajusta-se a velocidade de gravação - que para finalidades profissionais deve ser 44.100 Hz e seleciona-se a pista onde se deseja gravar. Para começar a gravação de áudio, o procedimento é o mesmo que para a de MIDI, ou seja, tecla-se o R ou clica-se no botão de Rec. Para parar, tecla-se o Space bar.

Após o trabalho de gravação e edição de áudio, diversos arquivos *.WA~ são gerados no diretório c:\cakeaud\wavedata. Se estiver usando o Session 8, que possue hard disk dedicado, o diretório de wavedata será alocado no próprio Session 8, e não no hard disk do computador. Para apagar arquivos que não serão mais usados por nenhuma música, utiliza-se o comando File/Utilities/Clean Audio Disk, sendo totalmente desaconselhável apagá-los  pelo File Manager ou pelo Explorer (95), já que não é possível distinguir quais ainda estão  sendo utilizados.

Na gravação de áudio de uma música de 5 minutos, o tempo máximo exigido para preparação do display da forma de onda de uma pista é de menos de 1 minuto, e o Audio Meter monitora em tempo real, a quantidade de espaço disponível no disco.

Cada pista mono ocupa em média 30Mb, o que torna necessário aquisição de hard disk de no mínimo 1 Gigabyte para trabalhos “pesados” como gravação de várias músicas com inúmeras pistas para produção de CD.

Edições como adicionar 3dbs e Normalize gastam aproximadamente 2:30 minutos por pista, o que significa um ótimo desempenho na manipulação de arquivos.

Inserindo arquivos WAV

Provavelmente você já tem arquivos WAV gravados por intermédio de programas como o Sound Recorder do Windows, o MCS ou o Wave SE, e quer inclui-los em suas sequencias. Nesta versão, a forma de inserir arquivos é mais direta. Basta escolher uma pista, em seguida Insert/Wave File e clicar no arquivo Wav desejado. Este arquivo é convertido para áudio digital no formato do Cakewalk Pro Audio e aparece como um novo Clip de áudio, podendo ser editado com os recursos do programa.

Partitura

A Twelve Tones não tem intenções de enganar ninguém em sua propaganda e assume que o Cakewalk é um programa limitado em termos de extração de partituras, sendo específico para sequenciamento. De fato, faltam diversos recursos necessários para a editoração computadorizada de partituras. Como uma de minhas atividades é a editoração de livros de música, constantemente realizo pesquisas relacionadas à programas de partitura. O que vejo normalmente são propagandas enganosas oferecendo programas do tipo 2 em 1. Para os extintos DOS e Windows 3.X ou para o poderoso Windows 95, não encontrei sequer um programa que tivesse as propriedades de sequenciamento e de notação musical conjugados, no mesmo nível de qualidade. Em termos de partitura, me desculpem os aficionados por outros programas (há quem adore um Fusquinha), mas prefiro pilotar um Rolls Royce, ou seja, o Finale Coda.

O Cakewalk Pro Audio mostra no máximo 24 pautas, sendo que implementou um grid com acordes de violão, cifras, poucos sinais de expressão e pedal de piano. Pode-se adicionar a letra da música para imprimir partituras apenas a nível de registro ou para ensaio, já que as configurações de esquemas de pautas são limitadas a alguns poucos padrões.

Sys ex

Possui 256 bancos para arquivar MIDI System Exclusive Messages. Cada banco pode arquivar uma quantidade de mensagens limitada somente pelo espaço disponível na memória do computador. Os bancos são guardados juntos com o arquivo proprietário do Cakewalk (WRK), mas podem ser salvos como arquivos isolados Syx de forma que possam ser utilizados em outras músicas, em outros computadores, ou enviados via Internet.

Comparando com a versão 3.0, não notei diferença na velocidade de transmissão de blocos de System Exclusive Messages. Um bloco completo de programas do Quadrasynth da Alesis, por exemplo, leva apenas alguns segundos para ser enviado ou recebido.

Opções importantes do Settings Menu

1. Timebase - regula a resolução de sequenciamento, o qual varia de 48 a 480 ticks per quarter note. Quanto maior o valor, maior a resolução, tornando dispensável o uso exagerado de quantização do material gravado.

2. MIDI Devices - é onde se seleciona o MIDI in e out ports relativos à placa instalada.

3. MIDI Echo (também chamado de midi thru) - é onde controla-se a maneira como as informações que chegam no MIDI in serão enviadas para o out. O modo mais aconselhável é o Auto que permite echo automático quando se aponta para um determinado canal de MIDI no Track View.

4. Assign Instruments - cada pista do programa pode ser configurada com uma definição de instrumento em particular. Se você usa o canal de MIDI 10 sempre para a bateria eletrônica, assinale este instrumento para o canal 10 na janela Instrument Assign. Assim, quando estiver no Track View e clicar no Patch, aparecerá a lista de programas da sua bateria. A lista de instrumentos oferecida varia de General MIDI à instrumentos da Alesis, Korg, Roland, Yamaha, etc. Pode-se inclusive editar os nomes apresentados para os instrumentos, com nomes mais sugestivos, a seu gosto.

5. Key Bindings - endereça teclas do computador ou do teclado musical para acionar comandos como Open File, Save, Transpose, Quantize, etc.

Diversos

Faders View/Mixer - mostra 32 canais com faders e knobs, e tem a propriedade de gravar movimentos em tempo real quando se draga com o mouse, para fazer mixagens.

Play list - permite listar até 128 músicas.

Edit Menu - apresenta funções como: Undo/Redo, History, Cut, Copy, Paste, Delete, Quantize, Groove Quantize, Swing, Slide e Transpose.

Os recursos da linguagem CAL só estarão disponíveis a partir da versão 4.01, a ser lançada muito em breve.

Sincronização

Quem possui estúdio de gravação baseado em tecnologia MIDI e gravadores analógicos ou ADAT, provavelmente já perdeu boas horas tentando solucionar problemas de sincronização. Este é um ponto crítico, que em situações de pressão, pode levar o tecladista ou técnico ao desespero. Para minimizar ou até mesmo eliminar este problema, opte por boas placas MIDI com SMPTE, imprima o sinal de sync com nível ideal e utilize programas de sequenciamento classe A.

O Cakewalk Pro Audio sincroniza com outros dispositivos de estúdio, de diversas formas:

1. Internal Clock - o programa usa o clock do computador ou da placa de MIDI atuando como master e controla o tempo e start/stop playback. Os demais equipamentos conectados, ficam dependentes, funcionando como slaves (escravos). O Cakewalk envia três classes de comandos de sincronização:

Start, Stop, Continue

Clock

SPP (Song Position Pointer)

2. MIDI Sync - Quando o clock está em MIDI Sync, o Cakewalk passa a ser o slave, ficando dependente dos comandos de outro equipamento (sequenciador ou bateria eletrônica), que envie mensagens de MIDI Start ou Continue e Song Position Pointer.

2.1. Music Quest Chase Lock Sync

Utilizando o CLS (Chase Lock Sync) disponível nas placas MQX16S e 32M da Music Quest, é possível obter sincronização precisa e acurada. CLS é uma forma de time code que inclui informações de posição e é muito resistente aos tape dropouts.

3. SMPTE/MTC

SMPTE é um tipo de time code utilizado a nível profissional em todo mundo. É o mais seguro de todos os tipos de sinal de sync. Em SMPTE/MTC, o Cakewalk fica sendo o slave, controlado pelo sinal previamente registrado em um gravador analógico.

MTC é uma forma de transmitir informações de timing SMPTE por intermédio do cabo de MIDI.

O Cakewalk não tem gerador de sinal de SMPTE próprio, por isso é necessário utilizar o que vem no driver da placa. Para imprimir o sinal de SMPTE na fita de áudio sob Windows 95, siga os seguintes passos: abra o Control Panel/ Multimedia/ Multimedia Properties/ Advanced/ Properties/ Settings/ General/ Settings/ Strip SMPTE, e clique no Go.

4. Audio Sync

O Cakewalk passa a usar o timing dos eventos de áudio digital como referência, de forma semelhante como se estivesse seguindo informações de SMPTE/MTC. Não é necessário nenhum sinal de sync ou placas extras, se estiver utilizando no mínimo uma placa Tahiti.

Teste de sincronização

No teste realizado, utilizei placa MIDI MQX 32M (que trabalha com SMPTE), e um gravador multicanal analógico de fita. Imprimi sinal de SMPTE na opção 30 Non Drop Frame, ou seja, na mais recomendável para diversas produções. A placa de som utilizada foi a Tahiti, o qual grava e reproduz áudio simultaneamente.

No primeiro passo, avaliei o desempenho de sincronização entre o Cakewalk e o gravador analógico, utilizando uma sequencia com informações de MIDI - sem áudio direto para hard disk. A resposta foi excelente - o que não chegou a ser surpresa pois as antigas versões também eram muito seguras.

Em seguida, o teste mais interessante: avaliação da sincronização entre pistas sequenciadas, pistas de áudio e canais do gravador analógico. Nesta fase, tive a primeira decepção. Após algumas tentativas, concluí que o programa não possibilitava trabalhar com SMPTE e áudio gravado para hard disk ao mesmo tempo, como outros programas mais sofisticados. O manual veio a confirmar minha constatação: “Audio Sync é o único dos quatro tipos de sync disponíveis que permite que eventos de áudio sejam sincronizados com as informações MIDI...”, o que em outras palavras quer dizer: o programa trabalha com SMPTE ou com áudio comandando a “tropa”, mas nunca os dois ao mesmo tempo. A Quanta Music & Technology, representante do programa, no Brasil, me informou que este é um problema específico da versão 4.0, e que o fabricante já implementou sincronização de áudio com SMPTE na versão 4.01. Para esclarecimentos a respeito da disponibilidade desta versão, o suporte da Quanta se coloca à disposição (veja endereço no final).

O Cakewalk implementou o protocolo MMC (MIDI Machine Control), o qual  permite que o microcomputador comande gravadores externos e os instrua a desempenhar  funções como rewind, forward, start e stop recording (caso também suportem MMC). Uma vez enviado o comando MMC a partir do Cakewalk para um gravador externo, o que passa a controlar o Cakewalk, é o sinal de sync enviado por este gravador. Como o programa precisa estar com o clock em SMPTE, aguardando sinal externo, mais uma vez não estará apto a executar as pistas de áudio gravado em hard disk. Aguardemos a versão 4.01.

O Manual

Possui quatrocentas e seis páginas com programação visual excelente e detalha passo a passo as riquezas e recursos do programa. Os gráficos, as imagens digitalizadas, e a organização dos assuntos agilizam as consultas. Se você é viciado em manuais, este é ótimo inclusive para relaxar antes de dormir.

O Help possui as instruções gerais mais importantes, que o guiarão nos primeiros passos.

Algumas novidades

1. O Virtual Piano permite sequenciar a partir do teclado do computador, na falta de um teclado MIDI.

2. Ao invés de inserir um compasso, a tecla insert agora acrescenta uma pista.

3. O undo e history memorizam diversas operações realizadas.

4. Não é mais possível mover um marker com o mouse para outros pontos da música.

5. A tela principal não mostra o Size (quantidade de informações) de cada pista.

6. Não é mais a possível chamar cada pista quando já se está no Piano Roll.

7. No Piano Roll ficou mais fácil dragar, aumentar, ou mudar a posição de uma nota, apesar de fazer falta a utilização de teclas do computador para estas funções.

8. É possível converter as sequencias produzidas em 3.0 para esta nova versão - 4.0 e vice-versa.

Conclusão

A Cakewalk Music Software - ex Twelve Tones, foi uma das primeiras empresas a produzir programa de sequenciamento, ainda na época do velho DOS. Versão após versão, ao longo de muitos anos, o programa foi evoluindo, sempre correspondendo às mais variadas expectativas e necessidades dos músicos informatizados de todo o mundo. Existe atualmente na Internet, diversas homepages e newsgroups sobre o Cakewalk. Desta forma,  a empresa tem obtido retorno imediato a respeito de seus novos lançamentos.

Como sequenciador, os avanços desta versão não foram muito significativos, até porque as anteriores já disponibilizavam os recursos mais importantes e necessários ao trabalho diário de quem lida com produções musicais informatizadas. O que se nota é uma utilização mais eficiente dos atuais recursos dos microcomputadores e periféricos. Quem poderia sonhar há dois anos atrás, com a possibilidade de ver no monitor, o conteúdo de cada pista, com detalhes das notas e das formas de onda?

O que realmente surpreende é a implementação de gravação de áudio direto para hard disk, sem limite virtual de pistas, caminhando em perfeito sincronismo com a parte gravada via MIDI. Tudo em um só programa! Mesmo que se esteja utilizando uma placa com duas saídas, é possível fazer vários overdubs e equalizar internamente cada pista.

Trabalhar com áudio “pesado” em microcomputador sempre foi um processo muito lento. Cada edição de pista “pesada” era o tempo de sair do estúdio e fumar um cigarro, enquanto a máquina trabalhava. Um bom viciado poderia fumar até um maço por música e vários pacotes por CD. O Cakewalk Pro Audio rodando em um computador Pentium com hard disk de 11ms, 256 de cache e placa de vídeo de 2 Mb forma uma plataforma segura, eficiente e principalmente ágil, em termos de gravação de áudio para hard disk.

Recomendo este produto para todos os músicos usuários de PC, que trabalham com sequenciamento e gravação digital, tanto para finalidades de produção de CD quanto de jingles e multimídia.

 

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